terça-feira, 6 de dezembro de 2011

fêmea no chão, elisa lucinda

se estivesse aí
na cama da gente
faria um poema indecente
um poema de vir-ilha
molhado de águas por todos os lados

faria um fado,
faria uma moda de versos
com o cheiro que mora nesse perto
onde agora estou

faria um anel, um anzol de pescar
cheiros e gemidos
cuecas vestidos e lembranças

faria uma criança
que reparasse
no remexido dos panos
na bailarina e no arame

faria um tatame de poesia
feito de água fêmea e chão macho

dormisse eu aí
e aí eu ficasse
faria na sua cama

e seu embaixo
o livre penacho de liras
o murmurar sincero das estrofes
rasgaria as tiras de dentro e de cima
pra serem minhas rimas